sexta-feira, junho 29, 2007

Heróis Modernos


Em nossa sociedade atual, os assaltos têm, infelizmente, se tornado cenas comuns no cotidiano. Apesar de já ter tido dois celulares roubados, ainda não me acostumei a conviver com esses crimes. Na quinta-feira, dia 21, presenciei um desses absurdos.

Era mais um dia comum, em que eu pegara um ônibus lotado - daqueles que a gente mal consegue entrar - para ir à faculdade. Sem conseguir me mexer e nem subir os degraus, fiquei a observar a paisagem da minha cidade. Foi o último dia em que os ônibus circularam na pista do canto, junto com os demais automóveis. Na verdade, em meu trajeto costumo ficar conversando com Deus ou tentando lembrar letras de música que na noite anterior eu tinha ouvido, às vezes fico pensando no que farei no dia, mas, excepcionalmente naquele dia, não conseguia fazer nada disso, fiquei apenas olhando pela porta do ônibus, torcendo para o motorista não parar para mais ninguém entrar.

Foi quando em um ponto da Antônio Carlos tudo aconteceu. Inicialmente pensei ser uma briga de casal, até que o rapaz, muito bem vestido por sinal, quase derrubou a moça no chão e saiu correndo com sua bolsa. Como é de praxe nessas situações, uns dois outros rapazes saíram correndo para tentar alcançar o gatuno. Um desses era o trocador do ônibus que estava à minha frente. Já um tanto agitada por ter tomado muito café na noite anterior para estudar para uma prova, fiquei em alvoroço, sentimento que era presente em todas as pessoas do ônibus em que eu estava. Como o rapaz corria muito rápido, os outros desistiram logo de tentar alcança-lo.

Enquanto isso, no ponto, as pessoas recolhiam algumas folhas da moça, que estava em completo estado de choque pelo ocorrido. No ônibus que eu estava todos acompanharam o trajeto do ladrão até onde nossas vistas permitiam alcançar. Uma senhora gritou: "pegou, pegou!!!". Ao que o motorista respondeu: "pegou?". Ela completou: "pegou!!". Lembram-se do trocador do outro ônibus? Ele seguiu com o ônibus até o rapaz cannsar de correr e, então, desceu do ônibus e o derrubou. Alguns rapazes ajudaram a imobilizar o ladrão no chão e o trocador pegou a bolsa e saiu correndo, muito contente, para devolver os pertences à moça. O motorista daquele ônibus ficou aguardando a volta dele.

Por alguns instantes todos comentavam da coragem e valentia do trocador, mas logo o assunto se encerrou e voltaram ao que faziam antes do incidente. A essa altura o ônibus já tinha esvaziado bastante, no que eu passei da catraca e me assentei. Influenciada pela cafeína, mas também extasiada com algo que nunca vira antes em minha vida, fiquei a pensar naquele herói anônimo que conhecera. Bem pequenino quando comparado ao assaltante, o cobrador fez surgir uma força de si, que talvez nem ele sabia que existia. Por ser tudo muito rápido, não reparei se usava aliança ou não, mas fiquei pensando no quanto ele arriscara a própria vida para recuperar a bolsa de alguém que ele nem sequer conhecia. E se tivesse uma esposa, filhos? E se o assaltante marcou bem quem ele era, para ameaça-lo depois? Minha mente fervilhava, e acho que todos ao meu redor percebiam isso, pois me olhavam um tanto assustados. Mas eu não me importava, tinha acabado de conhecer um herói moderno; alguém que não se contentava com a impunidade, e já que, muito provavelmente, nada aconteceria ao bandido, ao menos ele fizera sua parte. Na verdade nem sei o que passou na mente daquele trocador, nem o que o levou a fazer o que fez, mas suas atitudes me revelaram muito da sua pessoa.

Ao se dispor a enfrentar o bandido, se expondo ao perigo até de morte talvez, por alguém que ele não conhecia, aquele homem mostrou que vale a pena continuar acreditando em heróis. Mas ele tinha, com certeza, seus defeitos, que eu, obviamente, não conhecia. Há, entretanto, alguém que não hesitou em sofrer, ser perseguido, acusado e morto na pior das mortes, mesmo sendo absolutamente inocente, por mim. Alguém que ele sabia que iria decepcioná-lo tanto, que seria tantas vezes medíocre, que não o honraria sempre (etc etc etc) como eu!!! Ele não fez isso só por mim, fez por cada ser humano da face da Terra, de bandidos a heróis. Se tivermos humildade suficiente para reconhecer nossas falhas e nos achegarmos a ele, reconhecendo que só ele tem poder pra nos salvar (da perdição, de nós mesmos...), Jesus estará de braços abertos para nos receber e mudar nossas vidas para sempre.

Ao me lembrar disso, nem preciso da cafeína para ficar mais extasiada do que fiquei há oito dias...

quarta-feira, junho 27, 2007

O meu céu

por Nivton Campos

“Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam.”
I Cor 2:9

Gastei muito tempo pensando sobre como seria o céu. Nunca pensei que pudesse ser um lugar realmente bom até me converter, quando passei a crer que o seria. Mas, quando me deliciei com o texto acima, descobri nele uma das poucas vezes em que a ignorância pode mesmo ser uma benção, e comecei a ver o céu como um lugar muito bom.
Se, à devida altura meu olho não viu, meu ouvido não ouviu, meu coração não cogitou e Deus já preparou, estou deixando de tentar descobri-lo e passo a idealizá-lo.
Isso mesmo: passo a idealizar o meu céu. Ele será mais ou menos assim: Nunca, no céu para o qual eu vou, haverá pessoas com problemas de relacionamento, todas se darão muito bem. Nenhuma delas jamais ouvirá funk, pois, já que sou eu quem idealiza este paraíso, escolho também os gostos dos meus vizinhos (já que é pra imaginar, façamos direito, né!?). Do bebedouro da praça sairá milk-shake de açaí do Eddie’s – e isso vai ter no céu do Allan Lana também. Haverá no meio da cidade um rio de Coca-Cola, que fluirá sem que a Coca perca seu gás; será maravilhoso. Todas as noites ouviremos música boa. As mais simples serão tocadas pelo Lenine e pelo Chris Martin. Pela manhã, louvores a Deus com a harmonia mais perfeita do universo... Nunca mais se ouvirá “música gospel”. Aleluia!
Com tudo isso, amigos, ainda digo que não serei de forma alguma frustrado.
Pelo texto acima e por outros que se referem ao mesmo assunto na Bíblia (Apocalipse 7:14-17 e 21:2-4, por exemplo), entendo que por mais que eu pense em um lugar muito bom, o que Deus preparou superará em muito as minhas expectativas. E digo ainda, que se o lugar em que eu passar a eternidade for melhor do que um paraíso com um rio de Coca e boa companhia, será muito bom mesmo! E ainda viverei pra sempre com um Deus perfeito, que será um amigão íntimo e sempre presente, com quem conversarei sobre tudo. Perfeito.
Bom, convido você a vir para este céu. Mas o seu céu será diferente do meu, claro. Você pode preferir um bebedouro com suco de laranja. Mas, antes de embarcar para lá, compre sua passagem com o Mestre. Cristo é o único que pode dar-te o passaporte, e o melhor: é de graça.

“Quem tiver sede venha; e quem quiser, beba de graça da água da vida.”
Ap 22:17

terça-feira, junho 26, 2007

Deus é mais que tudo pra mim


No último semestre tive a felicidade de participar da ABU Fafich e da ABU FALE*. Lá aprendi a refletir muito sobre tudo, e numa dessas minhas viagens, elaborei o pensamento que se segue.

Tudo, do latim "totum", tem a seguinte definição no dicionário Aurélio:1. A totalidade das coisas e/ou animais e/ou pessoas. 2. Todas as coisas 3. Coisa essencial, fundamento.
Essencial: 1. Que constitui a essência. 2. Indispensável, necessário, fundamental.
Fundamento: 1. Base, alicerce. 2. Conjunto de razões em que se funda uma tese, ponto de vista. 3. Razão, motivo.
Indispensável: Não dispensável; imprescindível.
Necessário: 1. Indispensável, imprescindível. 2. Forçoso, inevitável. 3. Que deve ser feito, cumprido. 4. Aquilo que é necessário.
Base: 1. Tudo quanto serve de fundamento ou apoio. 4. Origem, fundamento. 5. Preparo intelectual
Alicerce: 2. Base, fundamento
Imprescindível: não prescindível, indispensável.

Tudo também pode ser entendido como sinônimo de total, do latim "totalis" definido da seguinte maneira pelo Aurélio: Que abrange um todo; completo, geral.
Completo: A que não falta nada do que pode ou deve ter. 2. Perfeito, acabado.
Geral: 1. Comum à maior parte; genérico 2. Total 3. Universal 4. A maior parte.
Perfeito: 1. Que reúne todas as qualidades concebíveis, ou atingiu o mais alto grau numa escala de valores. 2. Ótimo, excelente. 3. Executado ou fabricado do melhor modo possível. 4. Completo, total; rematado, acabado.
Acabado: 1. Levado a cabo, pronto. 2. Perfeito.
Universal: 2. Que abraça toda a Terra; mundial. 7. A quem se atribuíram totalmente direitos ou deveres.

Bem, toda essa chatice (só não continuei porque cansei de ficar procurando as definições correlacionadas) é apenas para dizer que é plausível atribuir tudo ou totalidade a Deus. "Deus é tudo", eu ouço dizer. Considerando que o tudo é o total e o total é tudo, o tudo é muito grande. Mas daí me vejo pensando em Deus e no tudo. Chego a conclusão de que o tudo é muito pouco para se definir Deus. Portanto, para mim, Deus é mais que tudo.

Fiquem com Jesus=)





* ABU: Aliança Bíblica Universitária.
Fafich: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG.
FALE: Faculdade de Letras da UFMG.

segunda-feira, junho 25, 2007

Mighty to save

Aproveitando o último post e em contagem regressiva para a vinda do Hillsong United em BH, resolvi postar uma música muito linda deles:

Hillsong United - Mighty To Save

Reuben Morgan and Ben Fielding
Everyone needs compassion
Love that's never failing
Let mercy fall on me
Everyone needs forgiveness
The kindness of a Saviour
The hope of nations


Saviour
He can move the mountains
My God is mighty to save
He is mighty to save
Forever
Author of salvation
He rose and conquered the grave
Jesus conquered the grave


So take me as You find me
All my fears and failures
Fill my life again
I give my life to follow
Everything I believe in
Now I surrender


Shine Your light and let the whole world see
We're singing
For the glory of the risen King


Aline Barros - Poder Pra Salvar

Mighty To Save (versão Aline Barros)

Todos necessitam de um amor perfeito,
Perdão e compaixão
Todos necessitam de graça e esperança
De um deus que salva

Cristo, move as montanhas e tem poder pra salvar,
Tem poder pra salvar.
Pra sempre autor da salvação
Jesus a morte venceu, sobre a morte venceu.

Me aceitas com meus medos, falhas e temores
Enche o meu viver
A minha vida entrego pra seguir teus passos
A ti me rendo.

Possa o mundo ver brilhar a luz
Cantamos para a glória do senhor Jesus

O show vai ser no dia 31 de Julho, às 20hs, no Chevrolet Hall.
Mais informações: www.unitedinbrazil.com.br


Letras tiradas do site www.vagalume.com.br

Absolvendo fariseus e condenando pecadores


"Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos. Ide, pois, e aprendei o que significa: misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores." - Mateus 9:12,13

Os grupos religiosos da época de Jesus ficavam indignados com o fato de Ele ser "amigo dos pecadores". Os fariseus, um desses grupos, são os "justos" a quem Jesus se refere nesse texto. O apóstolo Mateus havia aberto mão de tudo para seguir Jesus e mais tarde Jesus foi jantar em sua casa, muitos dos amigos pecadores de Mateus estavam lá também. Os fariseus ficaram escandalizados com essa situação. Foi quando Jesus resumiu lindamente sua missão nessa terra. Ele veio para pecadores, porque eles são os doentes espirituais. Aqueles que acham que estão bem não precisam procurar o doutor Jesus.

Fiquei refletindo nesse texto por um bom tempo e vi que a igreja atual tem seguido os passos dos fariseus, infelizmente, com freqüência. Os pecadores perdidos no mundo são destinados à perdição eterna, pois as mensagens "evangelísticas" enfatizam mais o inferno do que o céu. As boas novas que Jesus mandou que espalhássemos se transformam em más novas. Os pecadores se sentem tão indignos, que preferem não seguirem a Jesus por não se considerarem tão bons quanto os justos da igreja. Enquanto isso, nos templos, muitos fariseus são absolvidos, as mensagens são de esperança e vitória. Os pecados destes são perdoados pela infinita misericórdia e graça de Deus, afinal, vivemos num tempo de graça. Ou seja, para os pecadores perdidos o que vale é a Lei, do Velho Testamento, e para nós, os salvos, o que vale é a graça. A igreja então se torna a justa e os pecadores se tornam os doentes. Bem, Jesus veio para chamar pecadores, e não justos.

Então, você diz, vou aprovar o pecado do mundo? Não! Só não podemos condenar os pecadores junto com os pecados deles. Do contrário, todos nós estaríamos condenados. Por sermos pecadores, foi que Jesus veio. Se fôssemos todos justos sua vinda teria sido desnecessária, mas "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3:23). O apóstolo Paulo continua assim o texto: "mas, pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Jesus Cristo, que os salva" (Rm 3:24).

E quanto à igreja, é proibido pregar uma mensagem de esperança e vitória, quando há tantos enfrentando inúmeras dificuldades e tentações? A resposta é um claro não, novamente. O problema não é pregar sobre vitória, o problema é pregar sempre sobre isso e, pior, dizer que vindo a Jesus Cristo você terá todos seus problemas resolvidos. É preciso deixar claro para a igreja que sofrimentos e tentações estavam previstos para os cristãos, na própria Bíblia. Vamos ter momentos de vitória sim, mas as dificuldades são necessárias para moldar nosso caráter e torná-lo mais semelhante ao de Cristo, que nos disse: "eu digo isso para que, por estarem unidos comigo, vocês tenham paz. No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo." (Jo 16:33).

Encerro por aqui meu simples pensamento, deixando um conhecido texto da Bíblia para que, levando-se em consideração o que aqui foi abordado, vocês façam uma nova reflexão sobre ele: "Portanto ide, fazei discípulos em todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" - Mateus 28:19,20

Fiquem com Jesus=)

quinta-feira, junho 21, 2007

Sem perder a alma

por Ricardo Gondim
A gente chega numa idade que parece já ter visto de tudo e do seu reverso. Em meus trinta anos de convívio entre os evangélicos, ganhei a sensação de que nada mais pode me surpreender.
Fui privilegiado de conhecer heróis e heroínas da fé; gente que para evangelizar, enfrentou o cinzento do sertão, a umidade inclemente da Amazônia e o frio gaúcho. Já me arrepiei com o denodo de pastores que sobem morros perigosos, com a persistência de rapazes que dedicam tardes de domingo visitando hospitais, presídios e sanatórios, com a ternura de mulheres que cuidam de orfanatos.
Contudo, do mesmo modo, testemunhei horrores praticados em nome de Deus, escandalizei-me com evangelistas escarnecendo de paralíticos, revoltei-me com a manipulação exagerada de falsos milagres. Espantado, presenciei missionários, ávidos por demonstrar o tamanho de sua unção, inventando manifestações sobrenaturais.
Depois de conhecer os bastidores de algumas igrejas evangélicas, percebi o risco de tornar-me cínico. Diante de tanta ambigüidade na esfera religiosa, eu poderia aprender a comportar-me como uma hiena, sarcasticamente rindo por dentro perante tanto paradoxo. Sei que é possível desdenhar de tudo o que se faz em nome de Deus. Confesso que às vezes dá vontade mesmo de zombar dos arroubos ufanistas daqueles que tentam me fazer embarcar em projetos megalomaníacos.
Depois de tanto perambular pelos corredores religiosos, pregando em Congressos e ouvindo conversas de corredor, conscientizei-me de que preciso guardar o coração. Infelizmente, convivo com tantos doentes espirituais, que também corro sério risco de me desumanizar. Sei que posso sucumbir à tentação de ganhar o mundo inteiro e, no processo, perder minha alma; posso despersonalizar-me só para ter alguma notoriedade denominacional.
Conheci líderes com traquejo nos palcos religiosos, mas que já não beijam seus filhos há tempo. Posso citar vários que nunca leram poesia, jamais contemplaram a beleza de um pôr-do-sol, não jogam bola com os netos e desconhecem a alegria de deixar-se conduzir por uma melodia calma; muitos esqueceram que é possível ouvir o inaudível no cicio de uma brisa.
Vez por outra, eu me flagro assaltado pelo farisaísmo, e com isso, dou de ombros para a vida em nome da minha instituição; também me apavoro comigo mesmo quando me vejo armando esquemas para conquistar mais reconhecimento; entristeço quando percebo que ambiciono ter o status de messias. Ah, como fui tardio em desconfiar que meu ambiente religioso fosse tão perigoso! Porque não me precavi do fermento dos fariseus, paguei um preço muito alto.
Para não asfixiar a alma, senti a necessidade de achar respiradouros onde pudesse renovar meu ser.
Assim, passei a ler diversificadamente. Aprendi a gostar de poesia, biografias, romances e crônicas. Hoje, sonho ao lado de mestres das metáforas como José Lins do Rego; compenso a crueldade do mundo, viajando pelos universos paralelos imaginados por gente como Tolkien, Gabriel Garcia Márquez e Rachel de Queiroz; refresco meu coração com a sublimidade poética do Vinicius de Moraes. Em minhas tristezas, sinto-me atraído pelos Salmos de Davi e por Fernando Pessoa.
Assim, procuro ritualizar minhas refeições. Hoje, almoço sem pressa. Assim, quero consagrar cada abraço que dou e recebo, e considerar meus presentes como sacramentos do cuidado de Deus. Como alquimista, busco transformar cada instante de minha breve vida, numa gostosa saudade.
Assim, desejo aprender a conversar despretensiosamente com meus amigos. Hoje, sei que preciso antecipar-me aos meus inimigos para poder oferecer-lhes um pedaço de minha paz e pedir que me ajudem a construir pontes em direção a eles.
Assim, anseio por ler a Bíblia sem a obrigação de conseguir tirar “verdades práticas” do seu texto. Tenho sede de meditar vagarosamente nas histórias, parábolas e ensinos dos dois Testamentos. Ainda hei de descobrir o que o salmista quis comunicar quando escreveu: “Provai e vede que o Senhor é bom”.
Assim, aspiro aprender a calar-me na presença de Deus. Hoje, quero exercitar-me na oração contemplativa. Reconheço que ainda engatinho nessa disciplina espiritual, mas anelo aprender o sentido mais profundo do batismo no Espírito Santo.
Eu já quis ganhar cidades, mas hoje tenho um projeto mais fascinante, luto com todas as minhas forças para cuidar do meu coração - dele saem as fontes da vida.
Soli Deo Gloria.
http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=71&sg=0&id=1477

terça-feira, junho 19, 2007

Nem 8, nem 80

por Paulo André

"O tolo cruza os braços e destrói a própria vida. Melhor é ter um punhado com tranqüilidade do que dois punhados à custa de muito esforço e de correr atrás do vento."
Ec 4.5-6 (NVI)

Neste livro, o Pregador (1.1) censura bastante as ações do tolo (indolente, negligente, simplório). Nestes dois versículos, o que é colocado em jogo são dois extremos da vida das pessoas. O trabalho em moderação é bom e aumenta a dignidade da pessoa. Mas, se está excedendo e domina sua vida, é fútil, pois um pouco com paz é melhor do que muito com tumulto. "Isto também é vaidade e correr atrás do vento."

Nem 8, nem 80. Nem tanto o céu, nem tanto a terra.

Pense nisso...

domingo, junho 17, 2007

A loucura do ateísmo


por Davi Lago

Os ateus existem. Mas será que existe uma base para suas afirmações? Será que é realmente plausível ficar afirmando que “Deus não existe” ?

Para que uma pessoa possa, com convicção, dizer que não há Deus, ela precisa ter um conhecimento absoluto de tudo. De outro modo, como ela poderia afirmar isso? Essa pessoa precisa saber de todas as coisas, ser onisciente. No entanto, toda pessoa equilibrada mentalmente é capaz de reconhecer suas limitações, e obviamente, reconhecer que não é onisciente.

O ateu também precisaria ter visitado todo o universo para afirmar definitivamente que Deus não existe. De outro modo, como poderia afirmar isso? Além disso, é preciso que o ateu esteja em todos os lugares ao mesmo tempo. Observe: Deus poderia estar em um lugar, e quando o ateu o procurasse, Deus poderia ter se retirado para outro lugar.

Evidentemente é mais prudente, razoável e sensato para o incrédulo, simplesmente dizer: “Não sei se Deus existe ou não”. E de fato foi esta a posição de um dos meus professores. Mesmo sendo conhecido em toda a universidade como um fervoroso ateu, quando debati com ele sobre Deus, ele simplesmente me disse: “Não sei quem é Deus! Não conheço Deus!”, ao invés de afirmar categoricamente: “Deus não existe!”.

Ou a pessoa sabe que não há Deus, ou não deve dizer o que não sabe.

Portanto, não se justifica a afirmação de que Deus não existe. Isso é inadmissível. Para se afirmar isso com absoluta certeza e segurança, seria preciso que o ateu fosse onisciente e onipresente! Por outras palavras, teria de ser Deus!

Por isso a Bíblia considera o ateu como louco. “Diz o louco em seu coração: Não há Deus” (Salmo 14:1).

Nunca houve um verdadeiro ateu, alguém que seja sinceramente ateu na maior profundidade do seu ser. O que existe são pessoas críticas do sistema religioso de sua época. O que existe são homens orgulhosos, com lábios cheios de ironia, arrogância por seus conhecimentos e prepotência por seu status na sociedade. Muitos não reconhecem suas limitações e consideram uma demonstração de fraqueza crer em um Deus.

Mas Paulo afirma na carta que escreveu aos cristãos de Roma, que a declaração “Não há Deus” é um suicídio intelectual e moral. Além disso, ele também afirma que o mundo dá farto testemunho da existência de Deus:

“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal” (Romanos 1:20-22).

A verdadeira loucura é não crer em Deus. O ateísmo não se sustenta pelo pensamento cuidadoso. Pensar nele leva a refutá-lo.

Do outro lado, a mensagem cristã é a mais plausível e sensata de todas as mensagens. Nenhuma outra filosofia, crença ou qualquer outra pregação, é capaz de preencher o intelecto como o cristianismo. E muito mais do que isso: Os cristãos não apenas pensam e falam sobre Deus, experimentam e vivenciam sua presença e seu poder!

Abra sua mente. Abandone os pré-conceitos infundados. Não tenha uma mentalidade estreita e mesquinha. Deixe de ser esnobe quer intelectual, social ou moralmente. Busque a Deus com sinceridade e humildade, e você o encontrará!

“Que te conheçam, o Único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. (João 17:3).

O Profeta Gentileza


por Leonardo Boff

No dia 17 de dezembro de 1961 ocorreu um fenomenal incêndio do Circo Norte-americano em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, vitimando cerca de 500 pessoas. Tal fato, como nos tempos bíblicos, serviu de estopim para o surgimento de um profeta, o Profeta Gentileza que no dia 11 de abril celebraria, se vivo fosse, 90 anos. José Datrino era seu nome, caminhoneiro do bairro Guadalupe no Rio de Janeiro. Seis dias após, véspera do Natal, por volta da 13 horas, enquanto descarregava um caminhão, confessou ter ouvido por três vezes uma mensagem divina: deveria abandonar os três caminhões, casa, terrenos e família e ir logo para ao local do incêndio "para ser o consolador de todos os que perderam seus entes queridos". Tomou um dos caminhões, carregou-o com duas pipas de vinho de cem litros e foi a Nitéroi para cumprir sua missão. Distribuíu vinho em copinhos de plástico sob uma condição: que todos pedissem "por gentileza" e não "por favor" e que dissessem "agradecido" em vez de "muito obrigado". Aqui está a essência de sua mensagem, "gentileza" e "agradecido".

Passa a vestir-se com uma bata branca cheia de apliques, com um bastão, um longo estandarte com suas mensagens, encimado por flores para lembrar o jardim do Eden e cataventos para arejar as mentes, como dizia. Instalou-se no local do incêndio, aplainou-o, transformando-o num jardim florido. Dormia no caminhão. Por quatro anos consolou a todos que iam ao local chorar de seus mortos dizendo-lhes: "o corpo está morto mas o espírito deles está em Deus".

Depois de quatro anos, percorreu o pais, o nordeste e o norte, pregando "Gentileza" e "Agradecido". Por fim fixou-se no Rio percorrendo a cidade com seu evangelho da gentileza, como um Dom Quixote bizarro mas que conquistou a simpatia de todos, cantado por músicos e artistas, até morrer em 1996 em Mirandópolis, São Paulo. Foram 35 anos de coerente missão profética. Esta figura nos sugere algumas reflexões.

O Profeta Gentileza nos confirma o fato religioso que não se inscreve no âmbito da razão analítica mas da inteligência emocional onde ocorre "o sentimento oceânico" como dizia o romancista Romain Roland se contrapondo a Freud. No Profeta Gentileza aparece uma mística trinitária, rara na história cristã, do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ele sempre acrescenta uma quarto elemento feminino, a natureza ou Maria. C.G. Jung mostrou que o 3 e o 4 não devem ser vistos como números mas como arquétipos: o 3 de uma totalidade para dentro e o 4 de uma totalidade para fora. Eles dizem a Trindade cristã em si (o 3) e o Reino da Trindade que incluiu a criação(o 4).

Como todo profeta, Gentileza denuncia e anuncia. Denuncia este mundo, regido "pelo capeta capital que vende tudo e destrói tudo". Vê no circo destruido uma metáfora do circomundo que também será destruido. Mas anuncia a "gentileza que é o remédio para todos os males". Deus é "Gentileza porque é Beleza, Perfeição, Bondade, Riqueza, a Natureza, nosso Pai Criador". Um refrão sempre volta, especialmente nas 56 pilastras com inscrições na entrada da rodoviária Novo Rio no Caju: "Gentileza gera gentileza, amor". Convida a todos a serem gentis e agradecidos. Na verdade, anuncia um antídoto à brutalidade de nosso sistema de relações. É precursor, sob a linguagem popular e religiosa, de um novo paradigma civilizatório urgente em toda a humanidade.

O movimento Rio com Gentileza , articulado pelo Prof. Guelman, visa a gestar gentileza na cidade marcada pela violência. É o que precisamos para com a natureza e para com a humanidade se quisermos que ainda tenhamos futuro.

www.leonardoboff.com

LINKS

Leitores de Trintaetrês.com, prestem atenção nos links. Ultimamente tenho colocado muitas coisas novas e bacanas por lá, vale a pena conferir. Vou postar um texto de cada autor, para vocês confirmarem que eu tenho razão (ou não).
Fiquem com Jesus=)

sexta-feira, junho 15, 2007

Baião

Hoje postei no site dos salva-vidas uma música do Rebanhão, uma música do primeiro cd deles (na verdade era um disco na época). A seguir a história da banda (adaptado do site http://rebanhao.v10.com.br/):

Rebanhão - A história resumida da Maior Banda de Rock-Gospel do Brasil


INTRODUÇÃO

Falar do Rebanhão é falar da música gospel no Brasil.
É claro que antes deles, existiram outros grupos vanguardistas, que também deram a sua
contribuição para o surgimento e crescimento da Gospel-Music no Brasil, mas eles revolucionaram todo o conceito de música cristã, e foram os pioneiros.
O Rebanhão simplesmente veio para romper e alargar fronteiras, pois para aqueles jovens músicos, o que mais importava, era levar a palavra de Cristo aos corações das pessoas, unindo essa mensagem, a uma música de conteúdo e com excelente qualidade técnica.
PRIMEIRA FORMAÇÃO

O Rebanhão foi reunido pelo
JANIRES MAGALHAES MANSO, que ao lado de músicos excelentes como CARLINHOS FÉLIX, PEDRINHO BRACONNOT, PAULINHO MAROTTA, KANDELL e ZÉ ALBERTO, revolucionaram o meio evangélico com o lançamento de um até então despretensioso LP denominado "MAIS DOCE QUE O MEL", gravado cheio de dificuldades, pela pequena e até então desconhecida do grande publico, a gravadora DOCE HARMONIA. Isso aconteceu em 1981. O sucesso foi estrondoso.

SEGUNDA FORMAÇÃO
Já conhecido e aceito pelo grande público, o Rebanhão começou a viver as reviravoltas de todo grandes grupos musicais, ou seja, a troca de seus componentes e a trágica perda de seu fundador, que na época de sua morte, já não fazia parte da equipe ministerial Rebanhão, atuando apenas como amigo e conselheiro, porém jamais perdendo contato.
Com a saída do percursionista Zé Alberto, e do baterista Kandell e com a trágica e prematura morte do Janires, o Rebanhão ficou resumido a Carlinhos Félix, Serginho Marotta, Pedrinho Braconnot e com o Fernando Augusto (Tutuca), ingressando como o novo baterista da Banda. Essa foi a formação mais aplaudida, admirada e conhecida de toda a história dessa genial banda. Com a saída de Janires, Carlinhos assumiu o posto de Band-Leader.
Por muitos especialistas musicais evangélicos e não evangélicos esta formação foi a mais técnica de todas, pois aconteceu entre eles uma harmonia e uma simetria musical, difícil de explicar. A isso, nós evangélicos, chamamos de Unção aliada à capacidade técnica de cada componente.
E para concluir, em termos de vendagens de LPs, CDs e quantidade de shows, realmente é inegável, que esta geração do Rebanhão foi a mais bem sucedida.

TERCEIRA FORMAÇÃO
Sentindo um chamado missionário, o excelente e carismático Band-Leader Carlinhos Félix desligou-se do Rebanhão para seguir carreira-solo, e essa carreira é uma das mais bem sucedidas e sólidas carreiras solos do Brasil.
Com a saída do Tutuca, o Rebanhão passou a ter como integrantes ainda originais, apenas o Pedrinho Bracconot e o Paulinho Marotta, que convidaram alguns músicos amigos para integrar o Ministério Rebanhão, e assim dar prosseguimento a este ministério.

QUARTA FORMAÇÃO
Com a saída do Paulinho Marotta, o Rebanhão original ficou sintetizado na presença do Pedrinho Braconnot, que nesse instante assume de vez a liderança e a marca Rebanhão.
Pedrinho então reuniu um excelente time de músicos e deu uma nova vida ao Rebanhão, e gravou o excepcional disco "ENQUANTO É DIA", considerado um dos melhores trabalhos do Rebanhão. Existem especialistas musicais, que taxativamente consideram este o melhor trabalho musical de um amadurecido Pedrinho Braconnot.
Os integrantes desta formação eram: Pedrinho Braconnot (Teclados), Pablo Chies (Guitarra), Dico Parente (Vocal), Murilo (Baixo) e Rogério (Bateria).
Esta formação foi responsável por um antológico show no SOS DA VIDA em São Paulo, evento patrocinado pela Fundação Renascer e pela Gospel Records, onde a canção "Mistérios" foi a mais aplaudida da noite, tendo em Pablo um show à parte, pois os solos e as escalas mágicas deste espetacular guitarrista, deslumbrou as milhares de pessoas presentes.

ÚLTIMA FORMAÇÃO
Passado um período sem notícias do Rebanhão, Pedrinho Braconnot reúne outros amigos, bons músicos, mas que já não tinham a mesma expressão e carisma com o grande público, do que os anteriores componentes, mas mesmo assim parte para a gravação dos CDs "Por Cima dos Montes" e "Vamos Viver o Amor".
Apesar de contar com belas músicas e bons músicos, estes trabalhos não tiveram repercussão alguma no meio evangélico, passando despercebidos e nem mesmo entusiasmando os milhares de fãs.
Assim, em 2000, ano seguinte ao lançamento do CD "Vamos Viver o Amor", encerra-se a carreira do mais brilhante grupo gospel do Brasil, de todos os tempos.

Ou seja, a música que citei no site foi gravada sete anos antes de eu nascer. Janires, um dos integrantes da primeira formação, morreu um mês antes do meu nascimento, em um acidente vindo para minha cidade. Ainda assim, tenho saudades, da música gospel que ousou ser diferente dos tradicionais corinhos pela primeira vez e de um tempo em que música gospel era feita por amor a obra de Deus, e não por dinheiro apenas. Se hoje existem grupos que louvam a Deus de maneira de tantas maneiras e não se apegam à fama e ao dinheiro, eles devem se lembrar que tudo começou com o Rebanhão.

Uma musiquinha divertida pra encerrar o post:


Rebanhão - Baião
 F7
Minha vida que era muito louca, só faltei correr atrás
de avião
A7 Dm
Mas Jesus entrou no meu deserto
C7 F7 C7 F7
E inundou o meu coração
Eu era magro que dava dó
Meu paletó listrado era de uma listra só
Mas Jesus entrou no meu deserto...
F7
Sem Jesus Cristo é impossível, se viver nesse mundão
Bb C F7
Até parece que as pessoas estão morando no sertão
É faca com faca, é bala com bala, metralhadoras e
canhões
Bb C F7
Até parece que as faculdades só tá formando lampiões
E lampião e lamparina, vela acesa e candeeiro
Bb C F7
Nunca vai salvar ninguém e ainda se vai gastar
dinheiro
E o dinheiro anda mais curto, do que perna de cobra
Bb C F7
Filosofia de malandro: "No bolso que farta nunca
sobra"
E o que tá fartando de amor, tá sobrando iniquidades
Bb C
F7
Todo mundo se odiando pelas ruas, pelas ruas das
cidades
Se essas ruas, se essas ruas fossem minhas
Eu pregava cartaz, eu comprava um spray
Bb C Dm Bb Dm
Bb Dm Bb
Escrevinhava nelas todas, Jesus...The only way
F7
Jesus é o único caminho pra quem quer morar no céu
Bb C F7
Quem quiser atalhar vai...PRO BELELÉU!!!
F7
Jesus é o único caminho pra quem quer morar no céu
Bb C Dm Bb Dm Bb Dm
Bb F7
(www.vagalume.com.br)

quinta-feira, junho 14, 2007

Como seria minha vida se eu não acreditasse em Deus

Outro dia me surpreendi me perguntando como seria minha vida se eu não acreditasse em Deus. Em termos positivos, quis saber a respeito da função de Deus em minha vida (já sei, você vai dizer que reduzi deus a uma coisa e estabeleci com ele uma relação mecânica e funcional, mas deixa pra lá, você vai ver que não é isso, só estou usando a melhor palavra que achei). O primeiro impulso foi na direção da questão ética: Deus é minha matriz de certo e errado, bem e mal. Há muita coisa que faço e deixo de fazer na vida por acreditar que Deus é um padrão a ser seguido ou obedecido, não necessariamente por causa de Deus em si, mas a bem de quem o obedece ou segue: algo como seguir as orientações de um manual de instruções – você pode fazer do seu jeito, mas a coisa não vai funcionar, e o resultado não é que o manual vai ficar triste ou bravo com você, mas que a coisa não vai funcionar mesmo.

Logo depois desta conclusão rápida, me pareceu óbvio que Deus não seria a única alternativa para que eu tivesse uma orientação ética: os ateus e agnósticos também têm sua ética. O passo seguinte foi imaginar que outra função Deus ocuparia em minha vida além da referência ética.

Provavelmente você afirmaria o óbvio: Deus é aquele que cuida de mim, me protege, provê para o meu bem e minha felicidade. Embora eu acredite nisso, na verdade, não me basta, pois a vida está cheia de acontecimentos que me induziriam a acreditar exatamente o contrário. Caso eu dissesse a um cético que Deus é como um pai, mas um pai todo-poderoso que cuida de mim, certamente eu seria bombardeado de perguntas. Como disse Robert De Niro: “Se Deus existe, ele tem muito o que explicar”. Além disso, estar sob o cuidado de um superprotetor não é a razão porque acredito em Deus: de fato, abro mão de ser protegido – minha solidariedade com a raça humana não me permite esperar melhor sorte do que a das crianças abandonadas, dos enfermos crônicos, dos miseráveis e vitimados pelas atrocidades dos maus. Ou Deus protege todo mundo, ou a proteção não serve como fundamento para a crença nele.

A idéia de um ser lá em cima fazendo e acontecendo aqui em baixo, como um mestre enxadrista que faz dos seres humanos peças num tabuleiro cósmico nunca me agradou. Mas mesmo assim, acredito nisso: sou daqueles que acredita que Deus está no controle do universo e da história. O que quero dizer é que não acredito em deus como se as coisas que acontecem ou deixam de acontecer fossem resultado de decisões divinas, do tipo: vou dar este emprego pra ele? vou curar esta criança? vou dar este câncer de mama para ela? vou fazer com que eles se casem?, e assim por diante, como se Deus fosse uma máquina de decisões que não para nunca e afeta tudo quanto existe em tudo quanto é lugar em relação a todo mundo.

A maneira como percebo Deus é mais ou menos como percebo o sol: ele simplesmente está lá. Acredito em Deus mais ou menos assim: Deus está, ou se preferir, Deus é. Assim como o sol irradia seu calor sem cessar, também Deus afeta tudo em todo lugar em relação a todo mundo. O sol não precisa tomar decisões: ele simplesmente está lá. Assim também em relação a Deus.

É verdade que nem todas as pessoas e nem todos os lugares são afetados pelo sol, e também que as pessoas e lugares que são afetados pelo sol experimentam o sol de maneira diferente e com conseqüências as mais variadas. Mas não por causa do sol. O sol está sempre lá e é sempre do mesmo jeito. O que muda é a realidade sobre a qual o sol incide: se a pessoa está à sombra é afetada de um jeito, se está descoberta é afetada de outro; o fruto do topo da árvore é afetado de um jeito, escondido entre as folhas, de outra; a água do lago é afetada de um jeito, empoçada, de outro; uma planta em boa terra e irrigada é afetada de um jeito, em solo ruim e seca, de outro. O sol está sempre lá e do mesmo jeito, aqui embaixo é que as coisas são diferentes.

Assim também em relação a Deus. Ele é, e sempre do mesmo jeito, as condições que lhe são dadas é que mudam: uma criança sozinha na rua e outra num ambiente familiar de afeto e amor; um homem que aproveitou bem suas oportunidades de estudo e formação profissional e outro que não teve a mesma sorte; alguém com uma doença congênita e outra pessoa com propensão atlética; a periferia do Haiti e o condomínio na Califórnia. Deus é, e sempre o mesmo, fluindo de maneira plena e equânime sobre tudo e todos, em todo tempo e lugar. As realidades sob sua influência é que são distintas. Por esta razão as conseqüências de sua influência são diversas e jamais podem ser padronizadas.

Já imagino o que você está pensando. Você acha que acabei de tirar a dimensão pessoal de Deus, e passei a tratar Deus como uma força ou uma energia. Faz sentido, mas tenho uma saída. A diferença entre Deus e uma força ou energia é que as forças e energias não afetam dimensões pessoais. Por exemplo, não é possível prescrever 30 minutos de banho de sol para adquirir capacidade de perdoar, 20 minutos de banho de chuva para se livrar do vício de mentir, ou 45 minutos de banho de luz para se encher de compaixão. Essas coisas: amor, perdão, misericórdia, justiça, solidariedade, pureza de coração, alegria e saudades são atributos pessoais, relativos a seres conscientes, auto-conscientes, com capacidades afetivas-emocionais, intelectuais e racionais, e volitivas. Por esta razão, o sol é apenas uma metáfora – incompleta, como toda metáfora – para Deus.

Deus não é uma energia ou uma força impessoal, mas o Ser–em–Si, fundamento pessoal de toda a realidade existente. Como disse São Paulo, apóstolo: em Deus somos, nos movemos e existimos.

Dallas Willard me ajudou muito a compreender isso quando afirmou que a principal maneira como somos afetados por Deus é através de “pensamentos e sentimentos que são nossos, mas não tiveram origem em nós”. Esta é minha experiência de Deus. Continuo acreditando que Deus está no controle de tudo, é livre para tomar decisões e afetar a realidade conforme sua vontade, cuida de mim e de todo mundo, faz e acontece na história e nas minhas circunstâncias, dispões de pessoas para a vida e para a morte, e o que mais você quiser ou considerar necessário atribuir como capacidade e direito a alguém que seja chamado Deus, afinal, por definição, Deus é incondicionado e ilimitado. Mas todas estas coisas atribuídas a Deus me são imponderáveis e inacessíveis. O que me afeta de fato é que crendo em Deus e conscientemente me submetendo a Ele, experimento pensamentos e sentimentos que são meus, mas não têm origem em mim. Sou levado a um estado de ser ao qual jamais conseguiria chegar sozinho. Deus é meu interlocutor amoroso. Deus é meu companheiro de viagem.

O que acontece fora de mim, se Deus faz ou deixa de fazer, se foi ele quem fez ou deixou de fazer, não me diz respeito, minha razão não alcança, e, portanto, não é objeto de minha preocupação para caminhar pela vida. Mas o que acontece dentro de mim, isso sim, é tudo quanto eu tenho e me basta. Tudo quanto tenho para orientar a minha peregrinação existencial são sentimentos e pensamentos que são meus, muitos deles que não tiveram origem em mim. Isso é questão de fé. E essa é a minha fé: estou sob Deus, suplicante e humildemente dependente de seu amor para me tornar tudo quanto estou destinado a ser, independente do que me possa acontecer.

A mim me basta saber que em pastos verdejantes às margens de águas puras e cristalinas, ou no vale da sombra da morte, nada preciso temer, pois Deus está comigo, refrigerando-me a alma, guindo-me pelos caminhos da justiça por amor do seu nome. A mim me basta saber que se Deus é por mim, ninguém pode ser contra mim, pois nada pode me separar do amor de Cristo: nem tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada, pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Não sei como seria minha vida se eu não acreditasse em Deus. Muito menos se Deus não acreditasse em mim. E nem quero saber.

Ed René Kivitz (http://outraespiritualidade.blogspot.com)

terça-feira, junho 12, 2007

A coisa mais linda do cristianismo

"Muitas vezes pensamos que, quando terminamos de estudar o um, já sabemos tudo sobre o dois, porque 'dois é um mais um'. Esquecemos que ainda temos de estudar o 'mais'". -Sir Arthur Eddington.
Essa bela frase retrata, infelizmente, a situação de Igreja no mundo. Temos nos esquecido de nos unir, e também temos esquecido de ver que a diversidade é algo que faz do corpo de Cristo algo magnífico. Imagine como a Igreja seria chata e monótona se houvesse apenas uma teologia e apenas um modo de crer.

Estava refletindo um dia sobre "minha teologia" (tenho feito isso muito ultimamente) e vi que cada amigo meu, cada teólogo, cada religião crê em coisas diferentes acerca de pequenas doutrinas. Tenho meus amigos revoltados (estou crendo e pensando muito semelhantemente a eles) com a situação da igreja. Existem também os entusiastas que querem ganhar o mundo inteiro pra Jesus. Existem os evangélicos que acham que os católicos todos vão para o inferno. Existem também os católicos que acham que os evangélicos vão para o inferno. Há doutrinas diversas com as quais não concordo, e exitem doutrinas que eu creio que muitos outros acham que é pura mentira.

Mas o mais lindo de tudo, é que todos aqueles que são cristãos de verdade - independente de credo, denominação ou religião - TODOS, sem exceção, creêm na história de um Deus todo-poderoso que se fez um simples carpinteiro, alguém que foi e continua sendo rejeitado por tantos, um homem que sabia que os homens não se manteriam fiéis no que Ele ensinou, sabia que os homens se dividiriam em doutrinas e religiões, tinha plena consciência que expulsou os mercadores do templo, mas depois de um tempo eles voltariam, sabia que a ganância tomaria conta de muitos corações, que muitos tentariam comprar a própria salvação, que a graça seria ignorada por tantos outros, que os homens continuariam julgando uns aos outros e que tudo aquilo que ele ensinou no Sermão da Montanha seria desrespeitado tantas vezes, enfim, que sabia que mesmo salvos, pecadores continuariam pecando, mas mesmo assim não desistiu de se sacrificar na pior das mortes, não desistiu de sentir todo o peso dos pecados da humanidade inteira sobre seus ombros e com isso ser abandonado pelo próprio Pai, já que a sua santidade não O permitiria entrar em contato com o pecado, mesmo que fosse para salvar seu filho, seu único filho.

O que me emociona é que mesmo eu sendo quem eu sou - e Deus me conhece até melhor do que eu mesma - Jesus viveu, morreu e ressuscitou por mim e, mesmo que eu fosse a única pessoa a viver nessa terra, Ele não hesitaria em fazer tudo da mesma maneira.

A Igreja tem muitos erros a serem corrigidos. Cada cristão verdadeiro deve assumir sua própria culpa nesse processo e lutar para voltarmos àquilo que Jesus acreditava (e ainda acredita) ser possível quando criou a cada um de nós enquanto membros de um corpo: uma Igreja santa, que revela seu amor àqueles que precisam dele (e todos precisam).

Aproveitando o momento filosófico...

Se minha vida fosse um livro, eu escreveria assim nas páginas de agradecimentos:
Aos meus pais, por terem me concedido a vida e me ensinado a vivê-la.
Aos meus amigos, não poderia lembrar de todos que passaram por minha vida, mas agradeço à Hellen e à Bruna, por terem me aturado na fase mais crítica da minha vida. À Natália, por ter me ensinado que católicos também podem ser cristãos. À Stephanie, além de filha espiritual, minha irmã mais linda. À Vanúcia, por ter me ensinar a rir em todos os momentos (e pelas lições de cristianismo também). Aos salva-vidas, à célula V.I.P.S., à célula que liderei no acampamento OQFJ, por terem fortalecido minha fé.
Aos meus líderes, por terem buscado seguir os passos de Jesus na liderança.
Aos responsáveis pela minha formação acadêmica, sem a qual minha fé seria incompleta.
Aos meus parentes, por me darem a oportunidade de amar um pouco mais.
Aos meus inimigos, por me ensinarem a viver o cristianismo com mais afinco.
E, finalmente, a Deus, por simplesmente ser mais que tudo pra mim.

Minha história


Não nasci num lar cristão, mas é como se tivesse nascido, pois minha mãe se converteu quando eu tinha apenas cinco anos de idade. Criada então em uma igreja tradicional, aprendi todas as tradições do cristianismo - ou pelo menos eu achava que tinha aprendido. Sem dúvida alguma meu educador infantil foi um instrumento de Deus para a minha consolidação na fé cristã. Estudando a maior parte do tempo em escolas cristãs e convivendo apenas com cristãos, fui distorcendo aquilo que é o cristianismo verdadeiro.
Ao me deparar com o mundo real, fiquei muito assustada, confesso, quando vi as bases da minha fé sendo contraditas, e eu não tinha argumentos plausíveis para comprovar que minha fé era verdadeira (por mais que tivesse certeza que era). Mas tudo isso era necessário para que eu pudesse me tornar uma cristã autêntica, em fase de crescimento espiritual, e venho buscado ao máximo seguir o conselho de Pedro: "Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês" - I Pedro 3:15. Virei uma entusiasta, realmente acreditando que o mundo todo poderia ser mudado pela minha simples vida. Comecei a ser uma caçadora do sobrenatural, e, claro, me decepcionava muito por não conseguir ter super experiências espirituais.
Quando enterei na faculdade vi que buscava pouco o conhecimento, e quase me enquadrei no que Deus disse no livro de Oséias 4:6: "Meu povo foi detruído por falta de conhecimento". Foi mais um choque. Descobri que a Igreja não era perfeita, simplesmente porque é constituída de homens e mulheres imperfeitos, como eu. Descobri também que nem tudo que ouvia sobre o cristianismo era verdadeiro. Com tanta confusão na minha cabeça, aliada aos problemas diversos da vida, tive que ter um momento de instrospecção e então tomei uma decisão, talvez a mais importante desde o momento que confessei que Jesus era e sempre seria Senhor da minha vida para sempre, aos sete anos de idade. depois de muitas decepções, comecei a formar um teologia própria, aliando o que ouvia e lia, à palavra de Deus - A Bíblia. Foi fundamental nesse proceso o meu ingresso para o ministério dos Salva-vidas. Sou eternamente grata aos meus líderes e colegas de ministério a ser uma cristã com uma fé verdadeira. A ABU também foi importantíssima, especialmente a ABU Fafich. Isso sem contar com os blogs de meus amigos e do site do pastor Ricardo Gondim.
Hoje prefiro acreditar que não posso impactar o mundo inteiro, mas posso fazer diferença para a parte dele que me concerne.
Estou cada vez mais convicta que a Bíblia é a palavra de Deus, e não há ninguém que possa me convencer a seguir outro caminho (ainda que dizendo seguir a mesma Bíblia que eu leio).
Por mais decepcionada que eu fique com o sucateamento da fé cristã hoje, fico feliz por saber que ainda há muitos que insistem em viver uma vida santa, de acordo com os padrões bíblicos.
Minha mente está fervilhando de idéias, vivo a fé mais ativa que jamais vivi em todos os meus 12 anos de vida cristã. Poderia dizer tanto aqui, dar tantos conselhos, ensinar tantas coisas, mas prefiro encerrar por aqui, deixando apenas o conselho que Paulo deu aos Colossenses, no capítulo 2 e versículo 8 de sua carta a eles: "tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas, e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo."

Fiquem todos com Jesus=)

quarta-feira, junho 06, 2007

Quem ama sangra

Ele olhou ao redor da montanha e previu uma cena.
Três corpos pendurados em três cruzes.
Braços estendidos.
Cabeças inclinadas para frente.
Eles gemiam por causa do vento.
Homens fardados estavam sentados no chão, perto dos três.
Homens com roupas de religiosos se afastaram para o lado... arrogantes, convencidos.
Mulheres envolvidas em sofrimento estão reunidas ao pé da montanha... rostos marcados pelas lágrimas.
Todo o céu se levantou para lutar.
Toda a natureza se ergueu para o resgate.
Toda eternidade posicionou-se para dar proteção.
Mas o Criador não deu ordem alguma."Isso deve ser feito...", disse, e retirou-se.
O anjo disse outra vez: "Seria menos doloroso se..."
O Criador o interrompeu brandamente: "Mas não seria amor..."
(autoria desconhecida)

Extraído do blog de. Ed René Kivitz: http://outraespiritualidade.blogspot.com/2007/04/quem-ama-sangra.html (o blog dele é meu novo link na seção blogs, confiram)

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